“Nunca pare de sonhar”.
Este é um dos maiores lugares-comuns de nossa sociedade.
Justamente por isso nunca acreditei nele.
Conscientemente.
Apesar de eu ainda estar no pleno uso das minhas faculdades mentais (acho), alguma coisa me conta que um sonho não deve desaparecer de nossas vidas.
É um paradoxo.
Minha surdez sempre será uma grande questão na minha vida. Mesmo assim, me pego pensando que ela é uma mera fase. Tipo uma estadia no hospital. E já tive muitas delas pra querer que passem logo.
Nestas horas, penso:
“Quando isso passar, vou escutar tal música, aquela música antiga guardada no fundo da minha mente. Ou ver tal programa em áudio original para aprender mais inglês”.
Aí acordo. Caio na real. Vejo como é bobo sonhar com algo impossível.
Sonhar com uma casa, com um carro, uma viagem, algo material, tangível, é uma coisa.
Sonhar com algo intangível, imaterial, é outra.
É tortura desnecessária à alma.
Pra que sonhar então? Iludir-se com milagres?
É foda.